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Inovação: pesquisa sobre prevenção e combate à tuberculose gera segunda carta patente da UFC

Imagem: O estudo identificou e caracterizou uma nova proteína no agente causador da tuberculose humana (Imagem: divulgação)Uma possibilidade mais efetiva na prevenção e combate à tuberculose é o objeto de estudo teor da carta patente Proteína recombinante de Mycobacterium sp., teste imunodiagnóstico e vacina para tuberculose, publicada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no último dia 30 de março.

A descoberta, relativa ao depósito de patente de nº PI 1013448-4 B1, tem em sua equipe de desenvolvedores dois pesquisadores da Universidade Federal do Ceará: o Prof. Lucas Nogueira, do setor de Imunologia da Faculdade de Medicina (FAMED), e o Prof. Benildo Cavada, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, do Centro de Ciências.

Essa é a segunda carta patente que tem a UFC como uma das titulares e resulta de trabalho conjunto dos pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); e Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

O estudo gerador da patente é concentrado no campo da ciência básica e identificou e caracterizou uma nova proteína no agente causador da tuberculose humana, o Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch. Denominada sMTL-13 (secreted Mycobacterium tuberculosis lectin 13 kDa), a proteína desempenha um papel importante na biologia da infecção do hospedeiro, como explica o Prof. Lucas Nogueira.

“Alguns resultados preliminares do nosso grupo sugerem um potencial diagnóstico e vacinal. Demonstramos que a proteína sMTL-13 do Mycobacterium tuberculosis pode ser expressa em um sistema de produção heteróloga (diferente do organismo de origem), o que significa que podemos produzir em larga escala, além de demonstrar sua função de molécula ligadora em certos açúcares.”

Outro aspecto da sMTL-13 é a sua possibilidade como marcador diagnóstico. “Demonstramos também que o soro de pacientes com tuberculose ativa apresenta altos níveis de anticorpos IgG (Imunoglobulina G, protege a longo prazo contra infecções bacterianas e virais) contra a sMTL-13. Além disso, a sMTL-13 está presente apenas nas espécies do complexo Mycobacterium tuberculosis, estando ausente nas espécies de micobactérias não tuberculosas, o que pode conferir especificidade ao diagnóstico”, comenta o docente.

O objetivo geral do estudo com o Mycobacterium tuberculosis, ressalta o pesquisador, é buscar superar as possíveis falhas do método hoje utilizado na prevenção da doença. “A atual vacina BCG, usada há mais de 90 anos, possui uma variabilidade na sua eficiência de proteção contra a tuberculose em adultos, o que justifica a busca por novos candidatos vacinais”, declara.

CAMINHOS DA PESQUISA – A patente é a culminância do trabalho de investigações do genoma do Mycobacterium tuberculosis pelo Prof. Lucas Nogueira, iniciadas há quase duas décadas, quando ainda era estudante de iniciação científica do Curso de Ciências Biológicas da UFC.

“Na época, estava trabalhando com bioinformática, analisando genomas de patógenos de interesse médico. A partir desses estudos, identificamos uma sequência hipotética no genoma do Mycobacterium tuberculosis com potencial de participação na interação da bactéria com células do hospedeiro, considerada uma etapa crítica para a infecção. Decidimos então avaliar experimentalmente essa hipótese. Esse trabalho foi objeto da minha formação na graduação e me abriu portas para o mestrado e doutorado”, relembra.

Na UFC, o pesquisador foi orientado pelos professores Benildo Cavada (Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular) e Cristiane Frota (Departamento de Patologia e Medicina Legal). Na pós-graduação, contou com a orientação dos professores Manoel Barral-Netto (FIOCRUZ-BA) e André Báfica (UFSC) e a colaboração dos professores Sergio Costa Oliveira (UFMG), Henrique Couto Teixeira (UFJF) e Lee Riley (UC Berkeley).

Uma longa trajetória não apenas de estudos mas de trâmites foi necessária para se chegar à patente, que teve o seu pedido inicialmente registrado em 2010. A partir de agora, com a concessão do título, a projeção é que a pesquisa seja ampliada para a investigação do potencial imunodiagnóstico na tuberculose humana e animal.

Fontes: Coordenadoria de Inovação Tecnológica da UFC (UFC Inova) – e-mail: cit@ufc.br; Prof. Lucas Nogueira, da Faculdade de Medicina da UFC – e-mail: lucas.nogueira@ufc.br